- Por que todo mundo é tão ruim, Salomão? Sara perguntou tristemente.
Todas as pessoas são ruins, Sara? Eu não tinha notado.
-Bem, não todos, mas muitas são... Não entendendo isso....
-Quando eu me comporto mal, eu me sinto terrível.
Então, por se comporta mal, Sara?
-Geralmente porque alguém se comportou mal comigo. Acho que faço isso para me vingar...
-E acha que vale a pena, que lhe satisfaz?
"Sim", disse Sara na defensiva.
Em que sentido, Sara? O fato de vingar-se de alguém faz com que se sinta melhor? Será que as coisas mudam, ou elimina os danos causados?
-Não, não acho.
Na verdade, Sara, com isso só se consegue acrescentar mais mal ao mundo. É como se unir à cadeia de dor dessas pessoas. Se sentem magoados, então te magoam e então você ajuda a fazer outra pessoa sentir-se magoada, e assim por diante.
- Mas quem começou essa corrente de dor?
Não importa onde começou, Sara.O que importa é o que você faz com ela quando ela chega a você. O que há em tudo isto, Sara? O que levou você a se unir a esta cadeia de dor?
Profundamente perturbada, Sara falou a Salomão sobre o novo aluno, Donald, e o que havia acontecido em seu primeiro dia de aula. Ela falou dos valentões que não se cansam de implicar com Donald. Contou a Salomão sobre o episódio perturbador que ocorreu no hall da escola. E enquanto revivia os incidentes, descrevia-os a Salomão.
Sara sentiu invadi-la novamente a mistura de dor e raiva. Uma lágrima rolou pelo seu rosto, a qual enxugou rapidamente com as costas da mão irritada pois ao invés de manter uma conversa agradável com Salomão, como sempre, estava choramingando e balbuciando.
Isto não lhe parecia forma de se comportar com Salomão.
Salomão ficou em silêncio por um momento, enquanto na cabeça de Sara borbulhavam pensamentos dispersos e desconexos. Ela notou que Salomão a observava com seus olhos grandes, suaves, mas não se sentiu perturbada. Era como se Salomão a tivesse induzido a desabafar.
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