Ei, bebezinho! Você ainda faz xixi na cama?
Sara os observava com raiva enquanto zombavam de Donald. Como sua timidez a impedia de intervir, tentou desviar o olhar para não ver o que estava acontecendo. - Eles pensam que são muito inteligentes. - murmurou baixinho. São cruéis.
As "pessoas inteligentes" de sua classe, provocadores que estavam sempre na gangue, estavam tirando sarro do Donald, um garoto novo que se juntou a classe nesses dias. Sua família havia se mudado recentemente para a cidade e alugou uma casa velha, na esquina da rua onde vivia Sara. A casa estava vaga há meses e mãe de Sara ficou contente com a chegada de novos inquilinos. Sara tinha visto eles descarregam os seus pertences em uma velha van, se perguntando se aqueles os móveis velhos e escassos eram suas únicas posses.
Era muito difícil chegar em uma nova cidade onde não se conhece ninguém, e ter de suportar um valentão de segunda categoria que fica sempre no seu pé.
Enquanto observava Lynn e Tommy zombavarem no corredor de Donald, os olhos de Sara se encheram de lágrimas. Lembrou as risadas de ontem na sala de aula quando o professor pediu para Donald se levantar e se apresentar a seus novos companheiros de classe e ele se levantou segurando uma caixinha de lápis vermelho brilhante. Sara admitia que era um típico erro de criança na idade de seu irmão, mas não havia razão para humilhá-lo assim.
Sara percebeu que este tinha sido o ponto decisivo para Donald. Se ele tivesse resolvido à situação de maneira diferente, de pé, sem se importar e sorridente, não dando valor ao que os outros pensassem sobre ele, talvez as coisas tivessem evoluído de forma diferente. Mas não foi assim. Donald, envergonhado e aterrorizado, tinha afundado na cadeira, mordendo o lábio. O professor tinha repreendido a classe, mas sem sucesso. As crianças não se importavam com o que o senhor Jorgensen pensasse sobre eles, mas importava muito a Donald o que a classe pensava sobre ele.
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