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terça-feira, 16 de outubro de 2012

A vida não é imprevisível

A VIDA NÃO É IMPREVISÍVEL
Num trabalho de filosofia para o segundo semestre de 1979, tomei a afirmação existencialista de que a vida é um fazer-se imprevisível e incontrolável e embrenhei-me na análise da tese. Não foi difícil contestá-la porque, a ser verdade tal assertiva, chegaríamos à conclusão de que a vida seria um absurdo.
À certa altura do meu trabalho, escrevi:
“Se a vida é imprevisível, se não pode ser determinada por mim, neste caso eu não sou a minha vida; ela vai se fazendo alheia a mim, alheia às exigências do meu ser, alheia ao meu querer, ou seja, totalmente descomandada, como barco à deriva.
Se a vida é incontrolável - é injusta. Injusta porque a uns os faz ricos e a outros miseráveis; a uns os faz inteligentes, a outros curtos de inteligência; a uns é pródiga em benefícios, a outros é madrasta; a uns abençoa, a outros amaldiçoa; a uns cumula de bens, a outros lhes tira tudo; a uns oferece um corpo sadio, a outros toda espécie de doenças; a uns permite a cura de suas enfermidades, até mesmo gravíssimas e humanamente irreversíveis, a outros abandona-os à morte; a uns enche de sapatos, a outros lhes corta as pernas. 
Se a vida é imprevisível, torna-se frustração. Frustração porque cria desejos nas pessoas e não os satisfaz. 
Se a vida é uma irrealização humana, não passa de incompetência total, porquanto gera aspirações no indivíduo e não as pode cumprir.
Mas, a vida não é imprevisível, nem incontrolável e nem irrealizável, porque existe, no mundo realizado e realizável, tudo o que o ser humano deseja para entrar em estado de felicidade e plenificação.
Se nós pudéssemos reunir, numa só pessoa, todas as boas coisas que ocorrem, em separado, nos indivíduos de todo o mundo, por certo a soma desses atributos seria a satisfação e plenificação de todos os desejos possíveis ao ser humano. 
Se reuníssemos numa pessoa a sabedoria dos sábios, a riqueza dos ricos, a felicidade dos felizes, o amor dos que amam plenamente, a paz dos que estão em paz, a harmonia dos harmoniosos, a saúde dos saudáveis, a honestidade dos honestos, a liberdade dos livres, o poder dos poderosos, o conforto dos que vivem em habitações luxuosas, a simplicidade dos simples, a confiança dos autoconfiantes, a calma dos calmos, a energia dos cheios de energia, a certeza dos seguros de si, a limpeza mental dos mentalmente limpos, o positivismo dos positivos, o otimismo dos otimistas, a clarividência dos clarividentes, a fé dos confiantes, a facilidade de ir e vir dos que podem estar onde quiserem, o prazer perene dos melhores momentos de prazer – então, não seria exagero dizer que essa pessoa é feliz. Ela teria fechado o abismo existente entre a sua realidade atual e os seus anseios. Pois bem, se esses atributos existem esparsos pelo mundo, significa que são possíveis de existir numa só pessoa, porquanto tudo o que um ser humano pode, todos os outros podem”. Lauro Trevisan.

2 comentários:

  1. Seu texto deixa muito a refletir.gostei muito.Por causa dos imprevistos da vida somos felizes e não sabemos,quando descobrimos que fomos felizes ,talves seja tarde demais.

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  2. Exatamente isso Lu!
    Devemos apreciar o agora,nossos momentos com a família,passeios,um bom livro,e sonhos grandes tbm
    pq não?
    Acredite,tenha fé.
    Bjo grande.

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